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30-04-2009 20:19

Vocês jogariam cartas com um vigarista? A única forma que temos de demonstrar que somos diferentes é sermos diferentes de verdade. Os politicos de verdade não teriam que participar em tertúlias, debates na televisão, confrontações-espectáculo (ou seja, tudo o que não seja estritamente institucional). Além disso, deveriam abandonar o tecnicismo, a pomposidade na linguagem, que teria de ser clara, concisa, simples e sobretudo desprender tranquilidade e tornar a usar as palavras com o significado que têm sem, nunca, tomar emprestadas palavras que não pertencem à nossa cultura. As pessoas não aguentam mais crispações e disputas entre facções que depois de cada debate dão-se umas palmadas nas costas e vão todos juntos tomar café. Isso não é pedir muito e sim o mínimo que devemos pretender. Não valem desculpas como a que dão os políticos: "Se não vamos ali, não existimos".

Se a confusão aumentar até o ponto de já ser difícil, para não dizer impossível, para a maioria das pessoas saber onde está o verdadeiro e o falso, quem está do lado do povo e que não está, isso não só da responsabilidade dos politicos — é nossa também, uma vez que não sabemos reagir a isso com integridade, de modo a refundar com os nossos comportamentos uma outra cultura. Aceitamos — temos aceitado passivamente — as regras do jogo, a linguagem, as representações, por vezes sem nem sequer nos darmos conta de que os nossos códigos semiológicos estão sob ocupação neofascista. Por isso os intelectuais estão obrigados a por em evidência as conexões entre o actuar supostamente "inocente" e as consequências que isso implica e, dramaticamente, neste época há escassez de intelectuais aptos a manter viva a imaginação. A propósito, outro dia um denominado Tony Negri saiu-se com mais um disparate, declarando que se não se aprovasse a Constituição Europeia o mundo voltaria à Idade Média. Suponho que Negri pensa que um eixo Alemanha-França seria útil para opor-se ao domínio mundial dos Estados Unidos. Esqueçamo-nos que a partir da Europa e com essa Constituição clerical, imperialista, militarista, antidemocrática, totalitária se possa dar um rumo diferente ao imperialismo.

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