PORTUGAL NA UNIÃO EUROPEIA

16-07-2009 03:15

O rumo da história obrigou-nos a integrar a Europa dos ricos e, como é bem visível, trouxe vantagens ao nosso país, que, todavia, poderiam ter sido maiores se os dinheiros da EU tivessem sido bem aplicados e melhor governados.  
De facto, hoje temos muitas e boas auto-es-tradas, que beneficiam os utilizadores e que dão aos concessionários a oportunidade de fazerem enormes fortunas, em consequência dos elevados preços das taxas de utilização. Essas e outras tantas fortunas (GALP, EDP, BANCOS, etc.) que crescem à custa do consumidor, fazem aumentar o rendimento per capita do país, mas empurram cada vez mais portugueses para a fome e a miséria quando não fogem para outras paragens.
O fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e o país está a tornar-se num paraíso para os grandes capitais e num inferno para a classe média, que ainda há pouco vivia desafogada, mas que passou, de algum tempo a esta parte, a engrossar a lista de pobreza que grassa de norte a sul, atirando-nos, como no século passado, para a emigração.
Enquanto isso, fizeram-se melhorias consi-deráveis nos aeroportos, mas o do Porto, por exemplo, está a menos de 50% da sua capacidade e, certamente, piorará se a Galiza fizer uma infra-estrutura equivalente.
Entretanto, e a par deste desenvolvimento para estrangeiro ver, desvalorizou-se o essencial para o homem do futuro.
Enquanto se gastaram milhões em estádios de futebol, para fazer um jogo em cada 15 dias, e se fizeram outros gastos em outras tantas obras faraónicas, para inaugurações com pompa e circunstancia, o país vai-se afundando. Os holofotes realçam as vaidades que serpenteiam, espalhando sorrisos enjoados, trejeitos ridículos e discursos empolgados. O pior é que, quando se apagam as luzes da ribalta, a máscara cai e o país acorda para a realidade e verifica que os rendimentos não chegam para pagar a factura da manutenção das megalomanias.
Logo os políticos fazem a única coisa que sabem: mais um imposto! E, apesar do petróleo custar, hoje, menos euros do que em 2006, pagamos a gasolina muito mais cara e anunciam-se novos aumentos!
Sempre que há uma dificuldade, lança-se mais um imposto sem terem em conta as dificuldades dos que têm que pagar.
 - Assim, até eu era capaz de governar!
O dinheiro é sempre pouco quando se trata de questões que têm a ver com a preparação do futuro, mas a inteligência de quem governa tem sido ainda menos por desconhecerem (?) que é no ensino e na formação técnica que está o futuro. Andamos muito preocupados com festas e obras de fachada e demasiado distraídos com as coisas importantes da vida: a formação, mas formação a sério na preparação do Homem de amanhã, se quisermos deixar de estender a mão à caridade daqueles que estudaram com brio e trabalham com afinco para construir a realidade da Alemanha, da França, da Itália, do Reino Unido e de todas as outras potencias económicas que nos rodeiam.
É por falta de um ensino rigoroso, adequado, esforçado e formação tecnológica do conhecimento competente que nós somos o que somos - doentes - e com pouca esperança de melhoras para integrarmos a Europa de cabeça erguida.
A não ser para criados dos alemães, franceses ou ingleses!
Temos por hábito dizer que somos pobres por sermos um país periférico. Mas o que nós, realmente, somos é um povo mal preparado, sem organização e muito mais propenso a banalidades do que a sacrifícios para garantir o futuro. Isso, como já tantas vezes dissemos, são características que vêm de longe - basta lembrarmo-nos do que resultou o ouro vindo do Brasil, no século XVII. Ficámos a abarrotar de ouro, mas só serviu para nos encher de ilusões e maus vícios. É o resultado do mal ganhado!
Há que alterar os nossos hábitos e isso começa no berço, cresce nos bancos da escola, para florescer na nossa actividade profissional. E os governos, todos os governos, de há uns anos a esta parte, pouco fizeram à conta disso. Preferiram sempre, à conta de uns votos e nessa mira, dar o peixe e não ensinar a pescar, como deviam. E o resultado aí está: sempre os últimos da lista em tudo, menos na farra, que é onde somos mesmo bons e não desperdiçamos nenhuma oportunidade para gozar à franca com o que é alegórico em desfavor do essencial. Vai daí, ficamos todos felizes quando nos expomos na primeira linha do desfile pelas ruas engalanadas, sempre muito receptivos a vénias, à direita e à esquerda.
 E o povo ainda não percebeu que cada cêntimo público gasto no altar das fantasias é um cêntimo a menos no prato do essencial.

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